Japão em alerta com bactéria 'devoradora de carne'. Deve preocupar-se?
Esta questão foi o ponto de partida para uma conversa com Daniel Coutinho, infeciologista do Hospital Lusíadas Porto, e Alexia Toller, ginecologista-obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa, sobre as causas e os riscos da síndrome do choque tóxico estreptocócico.

© Shutterstock

Lifestyle
Entrevista
Daniel Coutinho, infeciologista do Hospital Lusíadas Porto desdramatiza os números. Certo é que que representam um aumento significativo face a 2023, ano em que se registou um total de 941 infeções. "Ao contrário da Covid-19 e da tuberculose, a doença não se transmite pelo ar, logo é improvável que as infecções aumentem rapidamente", assegurou ao Lifestyle ao Minuto. Ainda assim, sublinha a necessidade de manter "uma elevada vigilância epidemiológica" e de adotar medidas básicas de prevenção de infeções. A lavagem regular das mãos, seguir as regras de etiqueta respiratória, evitar a partilha de objetos pessoais e alimentos são alguns dos comportamentos recomendados à população.
Leia Também: Epilepsia. "Um dos principais desafios é certamente o estigma"
"Ocasionalmente, pode recomendar-se o uso de máscara para proteção individual", acrescenta Alexia Toller, ginecologista-obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa. Refere também que "os contatos próximos dos doentes infetados podem ter indicação para profilaxia antibiótica".
O infeciologista Daniel Coutinho explica que "a grande maioria das infeções causadas por esta bactéria são pouco graves e de curta duração, sendo uma das principais causas de faringite bacteriana e de infecções da pele e tecidos moles". Contudo, "numa pequena percentagem, podem ter uma apresentação clínica mais grave, com bacteremia, pneumonia e síndrome do choque tóxico".
© Daniel Coutinho, infeciologista do Hospital Lusíadas Porto, e Alexa Toller, ginecologista-obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa
A infeção "pode ser assintomática ou causar apenas sintomas leves em alguns pacientes e ser fatal para outros indivíduos", diz a ginecologista Alexia Toller. A médica alerta: "Nos casos mais graves, pode provocar uma infeção dos tecidos moles necrotizante, ou seja, leva à necrose [deteorização] das extremidades - inferiores com mais frequência que superiores - principalmente em pacientes com diabetes e doença vascular periférica. A doença necrotizante é frequentemente aguda, com rápida progressão, daí ser conhecida por 'bactéria carnívora'."
Leia Também: Kate Middleton está a fazer quimioterapia preventiva. Em que consiste?
Numa fase inicial, os sintomas podem incluir febre, dor de garganta, mialgias, vómitos, diarreia e alterações cutâneas. Nos casos em que evolui para síndrome do choque tóxico estreptocócico, pode surgir hipotensão, falência multiorgânica e alterações do estado de consciência.
A transmissão ocorre, geralmente, através de gotículas expelidas por uma pessoa infetada ou pelo o direto com feridas e úlceras destes doentes. Os contatos próximos dos pacientes podem ter indicação para profilaxia antibiótica.
Leia Também: Rastreio do cancro do pulmão? "Permitirá salvar cerca de 20% dos doentes"