Kilmar Abrego Garcia, o imigrante deportado "por erro", pela istração Trump vai regressar aos Estados Unidos, depois de ser enviado para uma prisão de alta segurança em El Salvador.
A informação é avançada pela imprensa norte-americana, que dá conta de que Abrego Garcia, de 30 anos, vai, no entanto, ser acusado de transportar imigrantes ilegalmente até aos EUA, numa operação que a istração Trump considerou que tinha sido grande.
"É assim que é a justiça nos Estados Unidos", referiu a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi.
De acordo com as publicações norte-americanas, o caso remonta a 2022, quando as autoridades suspeitaram do salvadorenho, que está nos EUA desde 2016. Um relatório de abril deste ano indica que durante uma operação de trânsito, várias pessoas sem bagagem deram a morada de Abrego Garcia quando questionadas, não trazendo, no, entanto, bagagem.
O homem não foi acusado então e os agentes deixaram-no seguir viagem apenas com um aviso sobre uma carta de condução caducada, de acordo com o relatório. Os documentos dizem ainda que ele viajava do Texas para Maryland, via Missouri, para trazer pessoas para realizar trabalhos de construção.
Em resposta à publicação do relatório em abril, a mulher de Abrego Garcia afirmou num comunicado que ele transportava por vezes grupos de trabalhadores entre locais de trabalho, "pelo que é perfeitamente plausível que tenha sido mandado parar enquanto conduzia com outros no veículo. Ele não foi acusado de nenhum crime ou citado por qualquer infração".
Perante as acusações, o advogado do salvadorenho disse que "o que aconteceu hoje é um abuso de poder". "Esta istração... em vez de itir simplesmente o seu erro, não se detém perante nada, incluindo algumas das acusações mais absurdas que se podem imaginar, só para evitar itir que cometeram um erro, que é o que toda a gente sabe que aconteceu neste caso", referiu Simon Sandoval-Moshenberg, citado pela Associated Press.
As autoridades do Tennessee divulgaram o vídeo de uma paragem de trânsito em 2022. As imagens da câmara de vigilância mostram uma troca de palavras calma e amigável entre os agentes da Patrulha Rodoviária do Tennessee.
Um dos agentes disse: "Ele está a transportar estas pessoas por dinheiro". Outro disse que tinha 1.400 dólares num envelope.
O advogado afirmou ainda que após a divulgação das imagens, em maio, que não via provas de crime nas imagens divulgadas: "Mas a questão não é a paragem de trânsito - é que Abrego Garcia merece o seu dia em tribunal."
Ponto crítico para políticas de imigração de Trump
Abrego Garcia, na altura com 29 anos, estava preso na sua terra natal, El Salvador, enquanto a sua deportação mal orientada se tornou num ponto crítico para as políticas de imigração do Presidente Donald Trump e o seu crescente atrito com os tribunais norte-americanos.
O presidente norte-americano reforçou desde a sua detenção que Abrego Garcia era membro do gangue MS-13.
O regresso de Abrego Garcia surge depois de a istração Trump ter cumprido uma ordem do tribunal para devolver um homem guatemalteco deportado para o México, apesar do seu receio de ser prejudicado nesse país.
O homem, identificado em documentos judiciais como O.C.G, foi a primeira pessoa conhecida a ser devolvida à custódia dos EUA após a deportação desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump.
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