Num comunicado do gabinete de comunicação do Governo de Gaza, as autoridades do enclave alertaram para a interrupção, dentro de poucas horas, dos serviços básicos devido à falta de combustível e de maquinaria pesada para remover escombros e desobstruir as estradas.
"[Os municípios de Gaza] encontram-se atualmente num estado de paralisia total e numa cessação total das operações devido à intransigência da ocupação [Israel] e à sua contínua recusa em permitir o o ao combustível", apontou o comunicado.
Perante tal situação, as autoridades do pequeno território, controlado pelo Hamas desde 2007, pedem uma intervenção urgente das organizações da ONU e de outras instituições internacionais para fornecerem, em particular, o combustível necessário para o funcionamento de poços de água, bombas de águas residuais, veículos de recolha de resíduos e maquinaria pesada.
Desta forma, segundo acrescentou o Governo de Gaza, as autoridades locais poderão retomar o trabalho humanitário para com a população do enclave palestiniano, diante do que consideram ser "um crime de guerra e uma violação flagrante de todas as leis e convenções internacionais e humanitárias" por parte de Israel.
A falta de maquinaria pesada em Gaza está a dificultar os trabalhos de remoção de escombros e limpeza das estradas, necessários para atender às necessidades básicas da população.
Segundo dados do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), a destruição causada pelos bombardeamentos israelitas em Gaza gerou mais de 53 milhões de toneladas de escombros, que levarão 22 anos para serem completamente removidos.
Nesse sentido, as autoridades do enclave alertaram na semana ada para um aumento das doenças respiratórias "devido em parte ao pó e aos escombros provocados pelos bombardeamentos", uma vez que muitas famílias de Gaza são obrigadas a viver em casas destruídas.
No comunicado de hoje, as autoridades do enclave também exigiram o restabelecimento do abastecimento de água de Mekorot, uma das principais fontes de abastecimento do centro de Gaza, que está interrompido desde o final de janeiro, o que exacerbou a crise hídrica "ameaçando graves desastres sanitários e ambientais, bem como a propagação de epidemias e doenças".
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos no Médio Oriente (UNRWA) informou que nove em cada dez famílias de Gaza enfrentam "uma grave escassez de água devido ao contínuo cerco israelita".
Esta escassez de água e a falta de produtos sanitários, especificou a UNRWA, fazem com que as mulheres e raparigas de Gaza tenham de ar os seus períodos de menstruação sem produtos menstruais, de higiene ou privacidade.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva militar contra o enclave palestiniano com mais de dois milhões de habitantes, que já provocou quase 55 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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