Pedro Sánchez disse que "é evidente" que a UE "surgiu das cinzas da guerra", na segunda metade do século XX, "como uma promessa de paz", e por isso não pode ser hoje "indiferente perante guerras e injustiças" e tem de permanecer unida.
"Não podemos enterrar a dignidade europeia nos escombros de Gaza", afirmou, referindo-se à situação no território palestiniano da Faixa de Gaza, há mais de um ano alvo de uma operação militar de Israel, desencadeada após um ataque do grupo islamita radical Hamas.
Sánchez disse ainda que a UE não pode esquecer "os irmãos" ucranianos ou os migrantes que morrem diariamente no Mediterrâneo.
O líder do Governo espanhol falava numa cerimónia no Palácio Real de Madrid, em que estiveram também o rei de Espanha, Felipe VI, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Portugal e Espanha am a adesão à UE em 12 de junho de 1985, em cerimónias em Lisboa, de manhã, e em Madrid, à tarde, que foram hoje lembradas em duas cerimónias nas duas cidades.
António Costa, que esteve de manhã em Lisboa, disse em Madrid que, tal como Portugal, também "Espanha e a União Europeia são casos de êxito irmanados".
O antigo primeiro-ministro português sublinhou ainda que a entrada de Portugal e Espanha na UE, em janeiro de 1986, foi "um alargamento absolutamente pioneiro" na história do bloco europeu, porque foi "o primeiro alargamento da consolidação das transições democráticas" em países do sul do continente.
"Pela primeira vez, não se fez um alargamento determinado por critérios económicos, mas políticos. Mais do que com um mercado, Espanha contribui com mais democracia", disse António Costa, que reiterou que os alargamentos da UE são "o maior investimento geopolítico" que pode ser feito na paz e no desenvolvimento económico.
Já o rei de Espanha pediu para a Europa "olhar para o futuro", depois de sublinhar que os últimos 40 anos de integração na UE foram quatro décadas de progresso para Espanha.
Felipe VI disse que o projeto europeu deve ser "também valorizado" pelos mais jovens e por todos os que nasceram já em democracia e dentro da UE e que tomam estas realidades como algo adquirido e irreversível.
Os jovens "deverão fazer sua esta realidade" e o projeto europeu deve "ser cuidado e renovado", afirmou o chefe de Estado de Espanha, que insistiu em que a liberdade e a democracia não são "conquistas garantidas" e se constroem dia a dia, sobretudo, num mundo "dominado por grandes tensões", em que "a força" pretende impor-se ao direito e a própria Europa vive cenários de instabilidade e guerra.
Felipe VI dirigiu ainda palavras em português a Portugal, felicitando o país pelo 40.º aniversário do tratado de adesão à UE, que partilha com Espanha.
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