"Todos os protocolos de investigação ao mais alto nível, com a mais alta qualidade profissional, trabalhando em equipa entre todas as agências de inteligência, têm de se concentrar a partir de agora em descobrir quem é o assassino intelectual", disse Petro num discurso ao país, rodeado por autoridades policiais e militares.
O Presidente informou que a investigação visará inclusive o guarda-costas do senador conservador, porque pode ter havido uma violação da segurança, uma vez que Uribe Turbay é uma pessoa protegida devido à sua atividade política.
"A verdade é essencial aqui. Ordenei que o próprio guarda-costas fosse investigado", disse Petro, considerando que, "sempre que um assassino pode atuar sobre uma pessoa protegida, há uma falha de segurança" dos "funcionários públicos" que "são pagos pelo povo da Colômbia".
Segundo o chefe de Estado, há "protocolos de segurança que, sem dúvida, neste caso não foram cumpridos" e "haverá responsáveis, a começar pelos responsáveis pela sua segurança".
Uribe Turbay, 39 anos, um dos mais severos opositores do governo de Petro, foi baleado duas vezes, segundo a Procuradoria colombiana, e está "em estado crítico" na Fundação Santa Fé em Bogotá, de acordo com o primeiro relatório médico da instituição, uma das mais prestigiadas do país.
"O dever do Estado é cuidar dos membros da oposição colombiana, porque se eles não tiverem liberdade e vida, a Colômbia também não terá liberdade e vida", acrescentou Petro.
Segundo o Presidente, "todas as hipóteses estão abertas, a investigação começou agora" e irá "avançar rapidamente".
A Procuradoria colombiana disse esta noite que Miguel Uribe Turbay foi atingido por dois tiros enquanto fazia um discurso de campanha no bairro de Modelia, Fontibón, na zona oeste de Bogotá, alegadamente por um rapaz de 15 anos, que foi detido no local na posse de uma pistola ligeira Glock (9mm).
A primeira responsabilidade do Estado é cuidar da vida do menor, porque ele é uma criança e, embora nos possa parecer terrível, as crianças são cuidadas na Colômbia", afirmou Petro.
O Presidente reconheceu a existência de diferenças políticas com o senador membro do partido conservador Centro Democrático, e um dos principais pré-candidatos presidenciais da direita às eleições de 2026, para reforçar a saudação de "ainda estar vivo", apesar da gravidade dos ferimentos.
"Por detrás da pessoa que se chama Miguel Uribe Turbay, independentemente do seu pensamento e das suas posições políticas, ele é antes de mais uma pessoa, um ser humano, e por isso tem o direito absoluto de viver, e num momento como este, tudo o que fizermos deve ser concentrado em garantir que ele possa continuar a viver e abraçar a sua família e os seus filhos", disse.
A tentativa de homicídio de Uribe Turbai foi condenada por diversos países da América Latina, organizações e praças diplomáticas, a começar por Washington, onde secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, atribuiu a sua responsabilidade à "violenta retórica de esquerda" que "emana dos mais altos níveis do governo colombiano".
"Esta é uma ameaça direta à democracia e o resultado de uma retórica violenta de esquerda que emana dos mais altos níveis do governo colombiano", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana num comunicado, em que apelou a Petro, para que "reduza a retórica inflamatória e proteja os representantes públicos da Colômbia".
O embaixador da União Europeia (UE) na Colômbia, Gilles Bertrand, manifestou o "repúdio absoluto" pelo atentado e apelou às autoridades para que identifiquem os autores e mandantes do atentado. "A violência é o inimigo mortal da democracia", afirmou, expressando a 'total solidariedade da União Europeia' para com o dirigente político.
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